top of page
  • Ícone do Facebook Preto
  • Ícone do Instagram Preto

O Organismo Escolar


ree

Uma instituição é um organismo, uma parcela de um organismo maior: o organismo social. E os organismos sociais, assim como o ser humano, possuem uma tríplice vertente, formada por três esferas.


O ser humano é constituído pela cabeça, pelo sistema rítmico — ligado ao coração e às emoções — e pela vontade, que se expressa nos membros. Do mesmo modo, na educação olhamos para a criança considerando essas três dimensões — cabeça, coração e membros — e buscamos estimular cada uma de forma equilibrada para o seu desenvolvimento integral. Assim também acontece com a instituição: ela precisa de cuidado em suas três esferas, cada uma com sua peculiaridade e necessidade.


Em uma escola, que é parte viva de um organismo social, reconhecemos em primeiro lugar a esfera cultural-espiritual, ligada à responsabilidade livre. É nesse âmbito que a escola se insere de forma geral: o lugar onde cultivamos a liberdade do pensar, o desenvolvimento de um pensamento vivo e a formação de atitudes responsáveis no mundo. Assim como olhamos para cada criança como um ser único — com sua cultura e sua forma própria de ver o mundo — também reconhecemos que cada pessoa que compõe a instituição traz sua individualidade, e que a própria escola possui sua identidade e sua cultura.


Em seguida, temos a esfera das necessidades, que corresponde tanto ao atendimento das necessidades humanas quanto à relação com o meio ambiente e o planeta Terra. A nossa proposta pedagógica nasce para responder à necessidade de uma educação integral que desenvolva capacidades humanas livres e responsáveis, capazes de cultivar um mundo mais harmonioso e sustentável. Mas, junto a isso, emergem muitas outras demandas: questões de consumo e sustentabilidade, gestão de recursos materiais e financeiros, bem como o cuidado ambiental e a regeneração. É nesse âmbito que se revela, com clareza, a submissão das necessidades à Terra — à natureza, à agricultura, ao que realmente sustenta a nossa existência. A verdadeira saúde dessa esfera só se mantém quando há colaboração, fraternidade e solidariedade.


Por fim, temos a esfera dos acordos, que corresponde ao âmbito dos acordos sociais. Assim como existem acordos no cotidiano — como o hábito de nos vestirmos para sair de casa — e também leis estabelecidas, dentro da escola também precisamos dessas regras compartilhadas. Esse âmbito deve ser permeado pela justiça social. Por que isso é essencial? Porque nele não cabe a plena liberdade — própria da esfera cultural-espiritual — nem o atendimento direto das necessidades — próprio da esfera econômica. Nos acordos sociais, o que deve prevalecer é a igualdade e a equidade: oferecer de forma diferente para que todos possam chegar ao mesmo lugar.


Esse espaço regula os outros dois polos, assim como o coração regula o corpo humano. É nesse âmbito que se situam os grupos de trabalho das famílias – corresponsáveis pela gestão horizontal, que muitas vezes precisam tomar decisões, estabelecer normas ou propor caminhos. Essas decisões podem nascer de um impulso da instituição ou de um grupo específico – que depois leva para a instituição, para que possam ganhar sentido dentro do todo do organismo escolar. Nem tudo precisa ser expandido a todos: é necessário respeitar onde cabe a liberdade e onde cabe a necessidade. O essencial, nesse lugar, é que as decisões sejam tomadas por aqueles que estão totalmente envolvidos e assumam a responsabilidade das decisões que devem ser socialmente justas – conectadas ao propósito maior da instituição. Quando há transgressões — quando entram liberdades mal compreendidas ou necessidades individuais — esse “coração” adoece, criando tensões sociais e fragilizando as relações comunitárias.


Da mesma forma que o desenvolvimento da vontade em uma criança não acontece apenas falando sobre a importância do movimento, mas oferecendo experiências reais — trabalhos manuais, brincadeiras de movimento, atividades corporais — também o âmbito dos acordos sociais não pode ser confundido com liberdade ou necessidade: o que o fortalece é a prática de decisões justas.


Por isso, compreender essas três esferas — a Cultural-Espiritual como responsabilidade livre, os Acordos Sociais como justiça social, e a Esfera das Necessidades como atendimento das necessidades submetidas à Terra — é fundamental para nutrirmos, com saúde, a vida da escola.

 
 
 

Comentários


PARA RECEBER INFORMATIVOS DA EDUCAÇÃO ECOREGENERATIVA  - ASSINE!

Obrigado pelo envio!

  • Instagram
  • Facebook

© 2025 por Educação Ecoregenerativa. Criado Por Graciela Franco

bottom of page